sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012


Belos e desafiadores cenários atraem corredores em busca de aventuras.
Corrida Moutain Do Deserto do Atacama  (Foto: Arquivo pessoal)Esforço máximo embelezado por paisagens de tirar o fôlego. Essa equação é a que atrai diversos corredores a provas que ocorrem em regiões afastadas de grandes centros, onde a natureza é, simultaneamente, amiga e vilã, e quando a preparação física de nada adianta se o corredor não estiver bem treinado também psicologicamente. Moutain Do, no Deserto do Atacama, El Cruce de los Andes, no cruzamento entre Chile e Argentina, e Arrowhead 135, perto da fronteira entre Canadá e EUA, são exemplos de competições atrativas para corredores que querem explorar o mundo dando suas passadas.
 
A prova no Deserto do Atacama atraiu o casal Marco Aurélio Piazza e Leticia Saltori. Ele é professor de Educação Física e treinador dela, que estuda a mesma disciplina na graduação. O casal enfrentou as dificuldades do deserte em grande estilo. Segundo Marco Aurélio, ela terminou em primeiro lugar geral, no feminino, e ele no segundo lugar geral masculino. Ambos optaram pela distância de maratona.
Corrida Moutain Do Deserto do Atacama (Foto: Arquivo pessoal)Casal exibe troféus: sucesso no Deserto do
Atacama (Foto: Arquivo pessoal)
- Apesar do grau elevado de dificuldade da prova, a paisagem foi, para nós, uma energia a mais, recompensando-nos de cada esforço despendido neste desafio, iniciado na preparação física e terminado no pódio – disse Leticia.
Cida Ladaga também estava lá. Ela contou que o mais difícil foi lidar com a altitude,que ultrapassa, em certos momentos, 2.500 metros. A corredora disse que isso dificultava sua respiração e que ela levou mais de sete horas para completar 42km. Em nenhum momento, Cida pensou em desistir, mas teve que intercalar corrida com caminhada a partir do vigésimo oitavo quilômetro.
- A paisagem é linda, céu muito azul, dunas, estradas, cavernas, canions e muita areia...Curti demais todos os locais da prova - relembrou ela, que, mesmo diante das dificuldades, disse que voltaria lá para correr.
Ultramaratonista, Márcio Villar já foi três vezes à
Arrowhead 135 (Foto: Arquivo Pessoal)
A Arrowhead 135 tem duas “pequenas” dificuldades a mais que a prova no Atacama. Primeiro, o tamanho do percurso. A prova é uma ultramaratona de 217km. E, em segundo lugar, a temperatura extremamente baixa. O corredor Márcio Villar, que já esteve lá três vezes, disse que o normal é enfrentar sensação térmica de menos 40°C.
Corrida Ultramaratonista Marcio Villar (Foto: Arquivo Pessoal) Os corredores têm que estar muito preparados fisica e psicologicamente. Eles não podem parar no meio da corrida, restringindo seus descansos aos postos oficiais. A máquina congela, a comida tem que ser toda especial. E, para completar, o corredor carrega um trenó com tudo o que precisa. Portanto, ele corre não só mais de 200 quilômetros, mas também arrasta todo seu peso, da sua mochila e de seu trenó pela neve.
A terceira prova, El Cruce de los Andes, tem como proposta fazer com que os atletas atravessem do Chile para a Argentina pela Cordilheira dos Andes. De acordo com o site da organização, como há diversos pontos de ligação entre os dois países nessa região, cada ano a prova muda de lugar. Em 2012, a largada será em Puerto Fuy, no Chile, até a Costa do Lago Lacar, na Argentina. A competição deve ser disputada em dupla, mas nada de revezamento.
corrida El Cruce (Foto: Divulgação)El Cruce: corredores atravessam do Chile até a Argentina em meio a belo cenário (Foto: Divulgação)
Os dois corredores devem sempre estar unidos e correr mais de 100km juntos, ao longo de três dias. Então, além da corrida, é preciso saber compartilhar momentos difíceis da prova e conviver em meio à natureza, já que os momentos de descanso são todos acampados, dentro de barracas. A organização ainda avisa que há grande variação climática ao longo da prova.
corrida El Cruce (Foto: Arquivo Pessoal)Manuel e seu uniforme de corrida para a prova
(Foto: Arquivo Pessoal)
Manuel Lago, corredor e técnico de corrida, vai com a namorada, Luiza Taquechel, também corredora e professora. Ele fez um treinamento focado para a prova e tem experiência em provas de montanha, como essa.
- A prova exige que você tenha um volume de treino semanal de 120 a 140km, aproximadamente. O treino tem que privilegiar trilhas, subidas e descidas e você deve se acostumar a correr com seu parceiro, mentalizar diversas situações que possam acontecer na prova e, principalmente, nunca perder o foco! Nunca desistir! Lembrar sempre que o mais importante é estar ali, ganhando ou não! Só de completar a prova, já pode ser considerado um vencedor – contou Manuel.

Por Luisa Prochnik e Paula Gabrielle Rio de Janeiro.

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